segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Aquela ligação nunca feita.

Oi... Como você está? Eu só liguei porque queria saber como anda a sua vida, mas isso é difícil pra mim... Não quero ser egoísta e destruir tudo o que você tem construído nos últimos sete anos. Não quero derrubar novamente as tuas defesas para te abandonar à mercê da própria sorte e das coisas que teu excesso de racionalidade não consegue entender. Posso confessar uma coisa? Eu nunca entendi muito bem também. Não entendo o que me fez querer terminar. Pela minha necessidade de me sentir livre, acabei me aprisionando. Pelo medo de não me sentir viva, eu matei o nós que me transbordava. Eu sei que você está em outra, assim como já esteve em tantas outras. Não quero destruir isso, não quero te confundir... Mas me apavora a ideia de um futuro sem você, na mesma intensidade em que me apavora a possibilidade de te encontrar e sentir que tudo não passou de uma mentira inventada pela minha mente. Então eu não sei o que fazer, porque eu te quero feliz e tenho medo de te atrapalhar. Eu queria mudar o passado, mas não dá... E quem seria eu se desse?! Eu gostaria que você não tivesse sido o meu quase, mas talvez eu tenha te tornado o quase por toda magnitude do que você representava na minha vida, pela minha falta de controle na tua presença. Por medo de perder eu entreguei o jogo, sem saber que era cooperação e não competição.
Desculpa.

(achado numa agenda, provavelmente escrito dia 19 de janeiro de 2016)

domingo, 24 de dezembro de 2017

Teu fantasma, minha assombração

E eu realmente queria
Às vezes
Que tu fosse apenas um fantasma

Que na minha memória ocupasse
Só o lugar das lembranças
E assim desocupasse
Esse lugar de esperança

Que me desampara
E o meu choro cala
Imaginando que tudo poderia mudar

Vá de retro satanás
Que Deus te leve
Desse inferno que é a minha cabeça

sábado, 23 de dezembro de 2017

Mas de novo eu fui embora,
contra todas as minhas próprias expectativas,
eu fui embora.

E sempre que eu vou embora
é como se uma parte minha morresse,
uma parte da minha história
que nem vai embora
e nem fica

(inacabado, mas algumas coisas não tem fim mesmo. escrito em 2017, naquele mesmo caderninho sem linhas e datas)

Quanto tempo fui capaz de esperar até perceber que te queria?
Só agora notar que meu vazio é simultâneo ao teu e que surgiu quando te tirei da minha vida. Perceber que teu nome me mobiliza e teu fantasma não me assombra, mas me faz sentir viva. Eu, que sempre tive o dom de deixar tudo para a última hora e ainda fazer dar certo, agora me pego vendo que esperei demais e te perdi. Mesmo que você nunca tenha sido meu, porque não possuímos outras pessoas. Vejo que os nossos planos não eram só meus, pois pararam de existir quando você se foi. Meu plano era você, não eu. E isso sim me assombrava. Eu te amo "como ninguém jamais te amou" e acho que nunca vai ser tarde para se dizer.


[escrito em algum momento de 2016, com muita tristeza]

sem nome, sem relevância

Então eles se despediram e ela foi embora fechando a porta sem nunca mais olhar pra trás. Ele passou o resto de sua vida desejando ter se importado o suficiente para ter ido atrás dela naquele momento singelo. Mas ele não se importava. Dificilmente ele se importava o suficiente com algo a ponto de abandonar a sua zona de conforto. Ele nunca ria alto, não falava palavrão, não chorava. Nunca chorava. Drama, definitivamente, não era o seu forte No fundo achava que não tinha um forte. Era extremamente medíocre em tudo que fazia. Sem fracassos constrangedores, ou sucessos épicos... Esse era ele: só mais um no meio da multidão de gente que abandona as oportunidades por não se achar merecedor.

(escrito em algum momento de 2014, encontrado num caderninho-amigo-companheiro de todas as horas, sem linhas e sem datas)

[alameda das desilusões]

conversas que não levam a lugar algum
onde não se fala o que precisa se falar
tão pouco se resolve o que é essencial

então, por que continuar a se falar?
sem chegar a nenhum lugar,
sem a paz alcançar.

apenas se cansar
e se desesperar
pela alma não tocar
e a vida estagnar

nessa prisão ficar
sem nada nunca mudar


(escrito em algum momento de 2014, não se sabe onde, não se sabe porquê)

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

o problema.

o problema não é
quando o passado passa
quando o tempo se esvai

o problema é
quando o passado fica
e o tempo entala
na garganta já arranhada
de tanto tentar vomitar
e colocar pra fora aquilo que tá muito dentro.
dentro demais.

aí 10 anos é um piscar de olhos
pra uma dor e um vazio sem fim,
alojados em algum órgão que a medicina desconhece,
e que eu nem sei onde fica...

da saudade que fica
e o amor que não vai embora
amor?
esse vadio deveria fazer feliz
ser sinônimo de plenitude
jamais de assombração

mas é isso que é
10 anos depois
de puro terror nas entrelinhas do tentar viver.